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segunda-feira, 6 de agosto de 2012

Lá em Floripa

Dia 21 de julho, como havia comentado, fui pra Florianópolis. Foi uma viagem incrível! Principalmente quando você encontra seu amigo blogayro lá, Sérgio, e vê que é muito auto-suficiente.

Muito sinceramente, achei que não fosse sobreviver. Sou filho-de-mamãe-gato-garoto-money-success-fame-glamour, e viajei com 300 reais na conta e um saco de dormir. Fiquei 10 dias por lá, mas mandei e-mail pro meu trabalho falando que ficaria apenas uma semana.

Pra quê muita roupa se posso andar nuwa?

Sim. 10 dias com 300 reais, bêbado todos os dias, alguns sem comer, dormi no chão apenas um dia [acordei com a garganta fodida e fui dormir na cama dos outros porque prostituição pode ser para além-dinheiro: às vezes você só precisa de calor, conchinha e uma menina de seis nus te abraçando numa noite de  9°C.].

Fui com pessoas da faculdade. Só conhecia uma menina e mesmo assim não tinha certeza da ida dela.
As 16 horas de ida foram um inferno. A garota sentada à minha frente com a janela aberta, um vento congelante, eu e a menina que eu conhecia irritadíssimos. A necessidade une pessoas e após dividir com ela um casaco-acolchoado que atacou de cobertor, vi que eu e aquela menina-fancha que apenas conhecia nos tornaríamos grandes amigos.

Unidas e travestidas
Chegando lá, a UFSC [não esquecerei a localização de vocês, pois pretendo enviar uma cartinha com antraz - sdds medo de abrir contas por motivos de conter antraz] nos cedeu um lugar lindo para nos hospedarmos, só que não. Vidros quebrados, chão imundo, tudo pichado num prédio abandonado com baratas que saíam do ralo. Todos fizemos uma ~vakinha e compramos produtos de limpeza.

Sempre sensato, fui ao mercado comprar o que eu precisava pra sobreviver, já que meu limite de gastos era curto.

Dane-se a comida, tinha 10 dias para cervejas e cigarros
A UFSC ofereceu almoço. Café da manhã e jantar? Nunca vi, mas disseram que havia também. Havia pro café um pão e um pedaço de queijo. Apenas. Meu amigo perguntou "onde pego o suco?" e a menina respondeu "não estamos vendendo suco" e ele "QUIRIDA????????????? VENDER????????". Se é mito ou verdade não sei, a ressaca nunca me deixou acordar no horário do café.

Todas as noites fazia-se FRIO PRA CARALHO festas regionais. Na vez do Rio de Janeiro organizamos show ao vivo de samba e um grande baile funk!

Levando cultura do RJ pra SC: Vodka rachada com a galera
antes da festa pra entrar bêbado e gastar menos lá dentro
As pessoas ficaram assustadas com as letras dos funks que colocamos, os moradores reclamaram e chamaram a polícia. Bem Rio, mesmo: funk sendo tratado na secretaria de segurança pública, não na de cultura.

Como havia dito, no primeiro dia dormi no chão, no meu saco de dormir que não me protegeu do frio e eu acordei com a garganta inflamada. Dia seguinte mudei essa história, virei esse jogo, virei Sailor Moon: fiz amizades pra dormir em barracas alheias e colchões de sapatões-amigas e héteros ~~moderninhos~~.

Dormindo e rezando pra acordar e ter comida ou cerveja
Conheci gente de quase todo o Brasil. Gente que gostaria que viesse aqui pro Rio e que eu fosse pros seus respectivos estados pra rirmos como rimos lá. Brasília, São Paulo, Rio Grande do Sul, Pará, Minas...

Centro da cidade mais limpo que meu quarto
Hétero tentando me converter romanticamente
Sérgio me aturando bêbado
A volta foi maravilhosa: Greve dos Caminhoneiros. Se demoramos 16 horas pra chegar, para voltar foram 31 horas! Dessas 31 horas, 10 delas ficamos parados, no meio do mato, sem comida, água e uma privada fedorenta. O mais gordinho do ônibus já estava se escondendo, pois entramos no modo sobrevivência e alguém deveria virar comida.

Tudo parado, sem comida e água, mas sorrindo
pra mostrar pra mamãe que tô vivo
Até as paradas de ônibus os caminhoneiros fecharam e não tínhamos nada. Quando uma menina já estava passando mal, um caminhoneiro ficou com pena da'gente e começou a jogar laranjas do seu carregamento para a gente. Ok, como descascá-las? Ninguém tinha faca. EIS QUE me lembro que como toda boa travesti da Lapa, viajei com meu canivete! Felicidade ao comer a melhor laranja da minha vida! "Uma chupada e passa pro próximo, galera".
Tinham uns mais gulosudos que davam mais de uma chupada.
Passamos da parte tensa e fechada, com caminhoneiros com facões na mão impedindo ida às paradas de beira-de-estrada e achamos uma livre.

Feliz por ter onde ir ao banheiro e pagar R$7,00 na garrafa d'água
E assim voltei de Florianópolis. Uma cidade lindinha demais, gostosinha demais, calminha demais, normalzinha demais, mas com lembranças grandiosas demais!

4 comentários:

  1. vc não sabe abrir uma laranja na unha? como vai sobreviver ao survivor?

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  2. Certas coisas só acontecem com o Bruno. Hehehe!

    E abrir laranja na unha é a coisa mais fácil que existe rapaz!

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  3. Nossa foi realmente uma loucura...
    Não sei como escrever tanta coisa que aconteceu...
    Adorei te ver e poder colocar o papo em dia!!!
    Floripa foi SHOW!
    ENEL foi TUDO DE BOM!
    Rever meu AMIGO MARAVILHOSO!!!

    Abração Querido =)

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"frente a uma sociedade e uma linguagem reificadas, o indivíduo afirma dolorosa, agressiva ou humoristicamente sua diferença"
Theodor Adorno